Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo
Radio Latina 3 min. 04.05.2023 Do nosso arquivo online
Pobreza

Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo

Pobreza

Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo

Radio Latina 3 min. 04.05.2023 Do nosso arquivo online
Pobreza

Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo

O Governo sabe que os trabalhadores pobres ou sem-abrigo existem, mas não sabe quantas pessoas estarão nessas situações no Luxemburgo.

Questionado pela Rádio Latina, o Ministério do Trabalho disse estar a par do fenómeno dos trabalhadores pobres, reconhecendo que são pessoas “cujo salário não é suficiente para cobrir despesas essenciais como por exemplo a renda”. Apesar de estar ao corrente, não dispõe de estatísticas.

Também o Ministério da Família diz não possuir dados sobre estes fenómenos. “O ministério está consciente que as associações parceiras acolhem igualmente trabalhadores pobres/trabalhadores sem-abrigo no Luxemburgo. No entanto, os serviços convencionados não recenseiam sistematicamente este fenómeno. Por essa razão, o ministério não consegue fornecer dados”, indica o ministério de Corinne Cahen num e-mail enviado à Rádio Latina.


Caritas alerta para situação de trabalhadores sem-abrigo
Há cada vez mais pessoas a frequentar os albergues de urgência para sem-abrigo, embora tenham um trabalho remunerado.

A Rádio Latina questionou o Governo depois de a associação Stëmm vun der Strooss nos ter dito que as cantinas sociais servem refeições a pessoas que trabalham, citando os exemplos de trabalhadores temporários, das limpezas e da restauração, e de a Caritas ter denunciado, também em declarações à Rádio Latina, a existência de trabalhadores que não conseguem pagar uma renda e que, por isso, chegam a dormir em carros.

Ajudas. “Subsídio de vida cara destina-se a estas pessoas”

 O Ministério da Família adianta que “qualquer pessoa com direitos sociais no Luxemburgo pode solicitar diversas prestações sociais, como por exemplo ajuda social junto do gabinete social [‘Office social’, em francês] competente ou ainda diversas prestações sociais do Fundo Nacional de Solidariedade”. De acordo com o ministério, um dos apoios diz respeito ao subsídio de vida cara, que “visa especificamente os agregados com baixos rendimentos para lutar contra o fenómeno dos trabalhadores pobres”.


Conseguiria pagar uma despesa imprevista de 1.869 euros?
Novo relatório da Câmara dos Assalariados revela que mais de 21% dos residentes não conseguem arcar com despesas inesperadas.

Se por um lado há trabalhadores sem teto, por outro ter casa não é sinónimo de estabilidade. O mais recente estudo da Câmara dos Assalariados sobre a situação socioeconómica do país, divulgado na semana passada, mostra que 35% dos inquilinos vivem em risco de pobreza. Entre os proprietários, a taxa é de 11,4%.

Sobre esta questão, o Ministério da Família diz ser um promotor do acesso à habitação a preço acessível através de convenções com associações que trabalham na área da exclusão social relacionada com a habitação. Entre elas estão a AIS, Life asbl, Wunnéngshëllef ou a Ënnerdaach. Estruturas acessíveis a todos, incluindo aos trabalhadores, garante o ministério.

No que toca aos imigrantes em situação irregular, o ministério recomenda que se dirijam ao Guichet Info-Migrant, gerido pela Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI), com o apoio do ministério. O atendimento naquele balcão é gratuito.

“Não existe ‘uma’ solução única”

Questionado sobre qual ‘a’ solução para erradicar o fenómeno, o ministério frisa que “não existe ‘uma’ solução única para contornar o fenómeno dos trabalhadores pobres/trabalhadores sem-abrigo”. “A luta contra a pobreza e o problema dos sem-abrigo necessita de uma combinação de diferentes medidas”, vinca.


Nunca houve tanta gente a precisar das mercearias sociais
A conclusão é da Câmara dos Assalariados.

O ministério explica que os serviços que trabalham no domínio da exclusão social ligada à habitação “apreciam caso a caso as situações dos beneficiários, propondo-lhes soluções adaptadas às necessidades da pessoa em questão”.

De acordo com o relatório da Câmara dos Assalariados sobre a situação socioeconómica no Luxemburgo, a taxa de risco de pobreza dos trabalhadores é de 13,5%.

Artigo: Diana Alves | Foto: Chris Karaba/Luxemburger Wort

 


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