Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo
Governo desconhece número concreto de trabalhadores pobres e sem-abrigo
Questionado pela Rádio Latina, o Ministério do Trabalho disse estar a par do fenómeno dos trabalhadores pobres, reconhecendo que são pessoas “cujo salário não é suficiente para cobrir despesas essenciais como por exemplo a renda”. Apesar de estar ao corrente, não dispõe de estatísticas.
Também o Ministério da Família diz não possuir dados sobre estes fenómenos. “O ministério está consciente que as associações parceiras acolhem igualmente trabalhadores pobres/trabalhadores sem-abrigo no Luxemburgo. No entanto, os serviços convencionados não recenseiam sistematicamente este fenómeno. Por essa razão, o ministério não consegue fornecer dados”, indica o ministério de Corinne Cahen num e-mail enviado à Rádio Latina.
A Rádio Latina questionou o Governo depois de a associação Stëmm vun der Strooss nos ter dito que as cantinas sociais servem refeições a pessoas que trabalham, citando os exemplos de trabalhadores temporários, das limpezas e da restauração, e de a Caritas ter denunciado, também em declarações à Rádio Latina, a existência de trabalhadores que não conseguem pagar uma renda e que, por isso, chegam a dormir em carros.
Ajudas. “Subsídio de vida cara destina-se a estas pessoas”
O Ministério da Família adianta que “qualquer pessoa com direitos sociais no Luxemburgo pode solicitar diversas prestações sociais, como por exemplo ajuda social junto do gabinete social [‘Office social’, em francês] competente ou ainda diversas prestações sociais do Fundo Nacional de Solidariedade”. De acordo com o ministério, um dos apoios diz respeito ao subsídio de vida cara, que “visa especificamente os agregados com baixos rendimentos para lutar contra o fenómeno dos trabalhadores pobres”.
Se por um lado há trabalhadores sem teto, por outro ter casa não é sinónimo de estabilidade. O mais recente estudo da Câmara dos Assalariados sobre a situação socioeconómica do país, divulgado na semana passada, mostra que 35% dos inquilinos vivem em risco de pobreza. Entre os proprietários, a taxa é de 11,4%.
Sobre esta questão, o Ministério da Família diz ser um promotor do acesso à habitação a preço acessível através de convenções com associações que trabalham na área da exclusão social relacionada com a habitação. Entre elas estão a AIS, Life asbl, Wunnéngshëllef ou a Ënnerdaach. Estruturas acessíveis a todos, incluindo aos trabalhadores, garante o ministério.
No que toca aos imigrantes em situação irregular, o ministério recomenda que se dirijam ao Guichet Info-Migrant, gerido pela Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI), com o apoio do ministério. O atendimento naquele balcão é gratuito.
“Não existe ‘uma’ solução única”
Questionado sobre qual ‘a’ solução para erradicar o fenómeno, o ministério frisa que “não existe ‘uma’ solução única para contornar o fenómeno dos trabalhadores pobres/trabalhadores sem-abrigo”. “A luta contra a pobreza e o problema dos sem-abrigo necessita de uma combinação de diferentes medidas”, vinca.
O ministério explica que os serviços que trabalham no domínio da exclusão social ligada à habitação “apreciam caso a caso as situações dos beneficiários, propondo-lhes soluções adaptadas às necessidades da pessoa em questão”.
De acordo com o relatório da Câmara dos Assalariados sobre a situação socioeconómica no Luxemburgo, a taxa de risco de pobreza dos trabalhadores é de 13,5%.
Artigo: Diana Alves | Foto: Chris Karaba/Luxemburger Wort