Portugueses são quem mais precisa das cantinas sociais do Luxemburgo
Portugueses são quem mais precisa das cantinas sociais do Luxemburgo
Os portugueses são dos que mais precisam das cantinas sociais do Luxemburgo. Representam 15,3% da clientela dos três restaurantes sociais geridos pela associação Stëmm vun der Strooss (“Voz da Rua”, em português), contra 13,8% de luxemburgueses.
Os cerca de 15% representam 1.251 portugueses que em 2023 frequentaram as cantinas sociais. A taxa de clientes portugueses está em queda mas o número absoluto aumentou. A título de exemplo, em 2021, 20,9% dos clientes das cantinas sociais eram portugueses. Percentagem que na altura abrangia 761 portugueses.
A Voz da Rua avisa que a “pobreza chegou a ponto alarmante no Luxemburgo”. Foram distribuídas 198.127 refeições no ano passado, mais 30.000 do que em 2022. Trata-se de um aumento anual de 23,8%.
Em declarações à Rádio Latina, o responsável de comunicação da Stëmm vun der Strooss, Bob Ritz, diz que o aumento do custo de vida está na origem desse aumento.
O relatório 2023 da Voz da Rua, agora divulgado, sublinha que em causa não estão apenas sem-abrigo mas trabalhadores que não ganham o suficiente para pôr comida na mesa. Bob Ritz diz que há cada vez mais “trabalhadores pobres” no Luxemburgo.
Também há cada vez mais menores de idade e jovens adultos a recorrerem às cantinas sociais para comer. Ao todo, 170 menores almoçaram nas cantinas da associação no ano passado. Trata-se de um aumento de 3,8% face a 2022. Por outro lado, cerca de 460 jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos também procuraram os serviços da Voz da Rua. Bob Ritz conta que há dois anos não se viam menores nas cantinas sociais, mas agora há famílias completas a precisarem dessa ajuda.
As cantinas sociais estão sobrelotadas, sobretudo na capital. Bob Ritz considera necessário criar um segundo refeitório no centro do país.
A Voz da Rua tem três cantinas sociais: em Hollerich, Esch-sur-Alzette e Ettelbruck. Fundada em 1996, a Stëmm vun der Strooss luta contra a pobreza e a exclusão social. Desde a sua criação, a associação tenta melhorar a vida das pessoas em situação de precaridade.
Artigo: Susy Martins | Foto: Chris Karaba