"Não há partidos de extrema-direita no Luxemburgo", diz politólogo
"Não há partidos de extrema-direita no Luxemburgo", diz politólogo
O ADR tornou-se num partido de extrema-direita? A Rádio Latina colocou a pergunta ao politólogo com maior renome do país, o professor catedrático Philippe Poirier que defende que o Luxemburgo não tem partidos de extrema-direita e classifica o ADR de “partido conservador social”, cujas posições podem até ser moralmente questionadas.
O ADR saiu reforçado das eleições legislativas de há uma semana, passando a ser quarta força política no Parlamento, com 9,2% dos votos e cinco deputados (mais um do que em 2018).
As questões económicas e sociais, como o alojamento, o poder de compra, a inflação ou a saúde foram as principais motivações de voto dos cidadãos nas eleições legislativas de 8 de outubro. E quem tirou maior proveito disso foram os partidos CSV, LSAP e DP, segundo Philippe Poirier.
Quanto ao resultado do partido ecologista Déi Gréng, o único a perder deputados, passando de nove para quatro, Philippe Poirier considera que, ao contrário das legislativas de 2018, o tema do ambiente deixou de ser uma prioridade para os eleitores.
As eleições legislativas foram ganhas pelo Partido Cristão Social (CSV) que deverá governar em coligação com os liberais do Partido Democrático (DP). As negociações para a formação do próximo Governo estão em curso.
Sobre Philippe Poirier
Philippe Poirier, 51 anos, é professor de Ciência Política na Universidade do Luxemburgo e titular da Cátedra de Estudos Parlamentares na Câmara dos Deputados. Este francês é o politólogo mais conhecido do Grão-Ducado e é o fundador e diretor do Mestrado em Estudos Parlamentares.
Desde 2005, os seus projetos de investigação foram financiados pela Comissão Europeia, pelo Parlamento Europeu, pela Fundação Europeia da Ciência, pelo Conselho da Europa e pelo Fundo Nacional de Investigação do Luxemburgo, num montante de 6,3 milhões de euros.
Poirier foi nomeado professor convidado na Universidade de Turim, na Universidade de Sorbonne (Celsa), na Universidade de Aegean e no Collège des Bernardins. É consultor científico do Grupo de Estados contra a Corrupção do Conselho da Europa e da Comissão dos Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu. É ainda diretor da coleção Études Parlementaires, Éditions Larcier.
Artigo: Henrique de Burgo | Foto: Serge Waldbillig