Déi Gréng não exclui que ‘caso Félix Braz’ tenha contribuído para a derrota
Déi Gréng não exclui que ‘caso Félix Braz’ tenha contribuído para a derrota
O Déi Gréng não exclui que a polémica “demissão honrosa” do antigo ministro da Justiça, Félix Braz, afastado do Governo semanas depois de ter sofrido um ataque cardíaco, seja um dos fatores que contribuíram para a pesada derrota dos Verdes nas eleições de domingo.
Questionada pela Rádio Latina, Djuna Bernard, copresidente dos ecologistas, frisou que o resultado se deve a vários fatores, admitindo que entre eles estarão certamente episódios como a “demissão honrosa” de Braz, que acabou com o ex-ministro lusodescendente a levar o caso aos tribunais - caso que perdeu e do qual recorreu aguardando ainda nova decisão -, e ainda as polémicas envolvendo Roberto Traversini e Carole Dieschbourg.
Djuna Bernard referia-se ao caso ‘casa de jardim’, no qual o antigo deputado ecologista e burgomestre de Differdange, Roberto Traversini, foi acusado de fazer obras ilegais numa zona protegida no seu terreno.
A polémica levou a que Traversini se demitisse em setembro de 2019. Meses depois, a ministra do Ambiente, Carole Dieschbourg (Déi Gréng), acabaria também por abandonar o cargo, acusada de ter autorizado as obras no terreno de Roberto Traversini.
Mas, para Djuna Bernard, o fracasso nas eleições de domingo deve-se a "múltiplos fatores", que vão ser analisados. "Não há apenas uma causa", vinca, salientando o fenómeno europeu em torno dos partidos ecologistas.
Déi Gréng a digerir resultado "desastroso e triste"
Quatro dias depois, o Déi Gréng continua a digerir a derrota de domingo. A copresidente descreve o resultado como “desastroso”, já que coloca os ecologistas na bancada da oposição com menos deputados, sem representação do norte e do leste e sem o estatuto de grupo parlamentar. Um resultado que deixou o partido “triste” e que deu origem a um processo interno para perceber o que aconteceu e quais serão as consequências.
Djuna Bernard admite que esse será um processo longo, que terá como base um estudo da Universidade do Luxemburgo sobre o perfil dos eleitores que foram às urnas no dia 8 de outubro.
No que toca a uma eventual coligação entre o CSV e o DP, Bernard não quer julgar o futuro Governo sem antes ver o programa eleitoral que será negociado. A responsável espera no entanto que continue a haver um trabalho rumo ao progresso, e sublinha que, também graças ao empenho do Déi Gréng, o Luxemburgo é hoje um país mais sustentável.
Segundo Djuna Bernard, o Déi Gréng não tenciona, para já, fazer mexidas no seio do partido. Os líderes vão manter-se em funções até ao próximo congresso nacional dos ecologistas.
Artigo: Diana Alves | Foto: Anouk Antony