EXCLUSIVO. Polícia reforça segurança nas imediações das sinagogas do Luxemburgo
Radio Latina 6 min. 08.11.2023 Do nosso arquivo online
Guerra Hamas-Israel

EXCLUSIVO. Polícia reforça segurança nas imediações das sinagogas do Luxemburgo

A sinagoga da cidade do Luxemburgo existe na avenida Monterey desde 1953.
Guerra Hamas-Israel

EXCLUSIVO. Polícia reforça segurança nas imediações das sinagogas do Luxemburgo

A sinagoga da cidade do Luxemburgo existe na avenida Monterey desde 1953.
Foto: Marc Wilwert
Radio Latina 6 min. 08.11.2023 Do nosso arquivo online
Guerra Hamas-Israel

EXCLUSIVO. Polícia reforça segurança nas imediações das sinagogas do Luxemburgo

O número de atos antissemitas está em alta na Europa, sobretudo nas vizinhas França e Alemanha, desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, a 07 de outubro. E no Luxemburgo acontece o mesmo?

Em declarações exclusivas à Rádio Latina, a diretora-adjunta de comunicação da Polícia Grã-Ducal, Catherine Weber, respondeu não poder confirmar se há incidentes antissemitas no país porque em caso de atos violentos o motivo nem sempre é conhecido. Para além disso, a investigação policial pode concluir que o motivo do crime pode ser outro do que o inicialmente apontado. 

Mas a situação além fronteiras está a ser acompanhada de perto pelas autoridades. Razão pela qual a polícia reforçou o patrulhamento nas imediações de locais considerados “mais sensíveis”, tais como as sinagogas, disse a mesma fonte.


Um homem palestiniano inspeciona os danos na sua casa após um bombardeamento israelita em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 18 de outubro de 2023, no meio de batalhas contínuas entre Israel e o Hamas.
'Comité para a Paz no Médio Oriente' pede sanções contra Israel
A Comité para a Paz Justa no Médio Oriente (Comité pour une Paix Juste au Proche-Orient - CPJPO) exige uma posição mais forte por parte do Luxemburgo, da União Europeia e dos Estados Unidos para se chegar a uma solução de desescalada do conflito entre Israel e o grupo palestiniano Hamas.

O Grão-Ducado tem duas sinagogas, uma na cidade do Luxemburgo e outra em Esch-sur-Alzette para servir uma pequena comunidade de cerca de 1.500 fiéis. A sinagoga de Ettelbruck, transformada num centro cultural e de encontro, acolherá em breve um museu do judaísmo. Também se pode visitar a antiga sinagoga de Mondorf-les-Bains, que é atualmente um centro cultural.

Com os intensos ataques de Israel a Gaza, cresce a tensão nas ruas das cidades europeias. Milhares de pessoas participam em manifestações de apoio ao povo palestiniano e contra a política de Israel. No Luxemburgo, a próxima manifestação está marcada para sábado, às 14h, em frente à Philharmonie, no bairro de Kirchberg, na capital. O protesto é convocado pelo Comité para uma Paz Justa no Médio-Oriente.

França é o país mais afetado pelo aumento de atos contra os judeus

Desde o início do conflito no Médio-Oriente, há um mês, que os crimes de ódio contra judeus aumentam na Europa, levando a um reforço da proteção da comunidade judaica.

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse no domingo que "o número de atos antissemitas explodiu" em França, totalizando 1.040 desde 07 de outubro. Perto de 500 pessoas foram detidas para identificação. Dessas, 102 eram estrangeiras.

A França tem sido um dos principais países europeus afetados pelo conflito entre Israel e o Hamas, uma vez que alberga a maior comunidade judaica da Europa. Também noutras cidades europeias - como Londres ou Berlim - com uma forte presença da comunidade judaica, as autoridades reforçaram a segurança de escolas e das sinagogas.


Jean Asselborn diz que “não há nada que justifique ataque do Hamas”
O ministro cessante dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, diz que “não há nada que justifique” o ataque do Hamas contra Israel. Atos que qualificou de “desprezível”.

No Reino Unido, que tem a segunda maior comunidade judaica da Europa depois da França, a preocupação também é grande. Só em Londres, foram registados 408 incidentes antissemitas em outubro, em comparação com 28 no mesmo período do ano passado.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, aumentou em 3,5 milhões de euros o financiamento da segurança dos locais de culto judaicos e as escolas judaicas são agora vigiadas por agentes da polícia.

A Alemanha não está imune aos atos de ódio contra os judeus. O diretor dos serviços secretos alemães, Thomas Haldenwang, declarou estar muito preocupado com o aumento dos atos antissemitas no país, motivados pela guerra Hamas-Israel, que faz lembrar "as histórias mais negras da história do país".

Desde o sangrento ataque do Hamas, a 07 de outubro, foram registados cerca de 1.800 crimes antissemitas na Alemanha, declarou o responsável à revista Spiegel, a 27 de outubro.

Resposta na íntegra da Polícia Grã-ducal à Rádio Latina

Rádio Latina: A Polícia tem registo de alguma queixa por antissemitismo no Luxemburgo desde 07 de outubro último? Há conhecimento de atos de violência física e/ou verbal contra judeus no Luxemburgo? Ameaças através das redes sociais? Na afirmativa, pode quantificar?

Polícia: “A categorização das infrações nas nossas estatísticas baseia-se no tipo de infração registada e não num motivo presumido. Isto deve-se, por um lado, ao facto de o motivo não ser necessariamente conhecido à partida e, por outro, ao facto de se tratar precisamente de um motivo presumido - as investigações subsequentes podem sempre revelar outros motivos ou refutar o motivo presumido inicial. Se fosse esse o caso, tais insultos, atos de violência ou graffiti seriam, portanto, abrangidos pela mesma categoria que todos os outros insultos, graffiti ou violência.

Não obstante os exemplos acima referidos, o Código Penal contém obviamente outras infrações que podem ser relevantes no contexto que cita, como a discriminação de uma pessoa em razão da sua origem ou pertença a uma nação ou religião, ou o incitamento ao ódio. Também neste caso, quaisquer infrações denunciadas cairiam na mesma categoria que as infrações contra outras origens ou religiões.

Por conseguinte, não dispomos de estatísticas que confirmem se tais tendências existem atualmente no Luxemburgo.

É de salientar, no entanto, que a polícia está a acompanhar de perto a situação e a adaptar as suas medidas e disposições de segurança numa base específica, de acordo com as circunstâncias e a avaliação em curso. Algumas medidas preventivas já foram tomadas há algumas semanas, como o reforço dos controlos junto de pontos sensíveis como as sinagogas”.

Gaza tornou-se um “cemitério de crianças”

Israel declarou guerra ao Hamas há um mês, na sequência de um ataque do grupo islamita que causou mais de 1.400 mortos e mais de 240 reféns, enquanto a ofensiva israelita na Faixa de Gaza causou 10.569 mortos. Além das mortes, a ofensiva israelita no enclave provocou mais de 26.000 feridos e 2.450 desaparecidos, na maioria civis.


A Faixa de Gaza tem 2,3 milhões de habitantes e é bombardeada desde 7 de outubro, depois de o movimento islamita Hamas ter matado 1.400 pessoas em Israel, a maioria civis.
“Mais de 120 crianças morrem todos os dias”, diz professora em Gaza
Após mais de 18 dias de bombardeamentos, o cerco aperta-se e a situação piora na Faixa de Gaza. Quem o diz é Nabila K., professora palestiniana residente neste território, que continua a rezar para que o “massacre” acabe o mais rapidamente possível.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta segunda-feira que o “pesadelo” em Gaza é “uma crise da humanidade”, onde “ninguém está seguro”. Segundo o antigo primeiro-ministro português já morreram mais jornalistas em quatro semanas do que em qualquer conflito nos últimos 30 anos.

Guterres disse que Gaza está a tornar-se “num cemitério de crianças” e afirmou-se “profundamente preocupado” com as “claras violações do direito humanitário internacional” no terreno.

Mais de 10.500 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza desde que as Forças de Defesa de Israel iniciaram a sua campanha de ataques para responder aos ataques levados a cabo pelo Hamas em 07 de outubro, segundo um novo balanço divulgado Ministério da Saúde da Faixa de Gaza esta quarta-feira, controlada pelo movimento islamita, que relata a morte de 4.324 crianças e 2.823 mulheres.

A 07 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de 1.400 mortos e mais de duas centenas e meia de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

 Artigo: Susy Martins com Lusa Foto: Arquivo LW


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