Ministro foi informado. “Até o pusemos numa cadeira de rodas”
Radio Latina 3 min. 16.05.2023 Do nosso arquivo online
Portuguesa denuncia mau funcionamento do transporte para deficientes

Ministro foi informado. “Até o pusemos numa cadeira de rodas”

Portuguesa denuncia mau funcionamento do transporte para deficientes

Ministro foi informado. “Até o pusemos numa cadeira de rodas”

Radio Latina 3 min. 16.05.2023 Do nosso arquivo online
Portuguesa denuncia mau funcionamento do transporte para deficientes

Ministro foi informado. “Até o pusemos numa cadeira de rodas”

Ana Pinto já fez François Bausch mudar de ideias uma vez. E vai voltar a tentar.

Ana Pinto é a lusodescendente que conseguiu com que o serviço de transporte para pessoas com mobilidade reduzida, o Adapto, se tornasse gratuito. Quatro anos depois da petição que fez o ministro da Mobilidade, François Bausch, mudar de ideias, tem outra luta: melhorar o serviço, que, segundo diz, se deteriorou nos últimos anos.

A lusodescendente, de 47 anos, acaba de lançar uma nova petição sobre o Adapto. Uma iniciativa que denuncia graves falhas no serviço e que pede que este seja alvo de uma reforma.

Esta é a segunda iniciativa que promove sobre o assunto em poucos anos. A primeira foi lançada em 2019, quando o Governo se preparava para tornar os transportes públicos gratuitos – medida que entraria em vigor em março de 2020 –, deixando de fora da gratuitidade o serviço Adapto. Ana Pinto insurgiu-se, lançou uma petição, conseguiu as 4.500 assinaturas em poucos dias e François Bausch voltou atrás na decisão.

Nessa altura, a peticionária e representantes de organismos como a União Luxemburguesa dos Consumidores (ULC) e do Centro para a Igualdade de Tratamento (CET, na sigla em francês) decidiram criar o ‘Coletivo 1329’ – número da petição sobre a gratuitidade do Adapto – destinado a escutar as queixas dos utilizadores daquela rede de transportes. E as queixas têm chegado e têm sido muitas. A reforma de que o serviço foi alvo, também em 2020, parece não agradar a muitos dos seus utentes. “Muitas pessoas escrevem ao Coletivo a queixar-se”, diz Ana Pinto, o que a levou a lançar a nova petição, assinada já por mais de 600 pessoas em menos de cinco dias.

Atrasos, telefonemas em vão, trajetos mais longos e pessoas esquecidas

Ouvida pela Rádio Latina, Ana Pinto conta que algumas das queixas se prendem com a aplicação móvel e com os constantes atrasos do transporte.

A autora da petição diz que lhe chegaram às mãos queixas sobre atrasos muito significativos, com os utentes a perderem consultas médicas e outras marcações. Pior ainda, lamenta, é quando, à noite, a carrinha simplesmente não aparece. As pessoas ficam no meio do nada e quando tentam ligar para o ministério, ninguém atende, denuncia.

Outra das queixas prende-se com a qualidade do serviço. Antes, o utente contactava diretamente o serviço de que precisava; agora, há uma central que trata todos os pedidos. De acordo com a peticionária, o serviço era mais individualizado e eficiente antes da reforma.

Desde a reforma, o Adapto começou também a transportar várias pessoas na mesma carrinha, apesar de terem destinos diferentes, obrigando muitas a passar muito mais tempo em transportes do que o necessário. “Às vezes, para um trajeto de 15 minutos, precisam de quase duas horas”, ilustra. “As pessoas estão a reclamar”, diz Ana Pinto, acrescentando que recebe e-mails e telefonemas de utentes “que até preferiam pagar para que o serviço voltasse a ser como antigamente”.

Ministro foi informado. “Até o pusemos numa cadeira de rodas”

Ana Pinto diz que o Ministério da Mobilidade tem sido informado destas queixas. “Falámos muito com o ministério” diz, lembrando uma iniciativa de sensibilização, levada a cabo em 2021, que convidou o ministro da tutela, François Bausch, a fazer um trajeto de cadeira de rodas. A conclusão é que a mobilidade das pessoas com deficiência está completamente dependente de um serviço especializado como o Adapto.

Apesar do contacto com as autoridades, o Coletivo 1329 considera que há muito a fazer para melhorar o dia a dia das pessoas com problemas de mobilidade, visão ou outras deficiências. Frisa que os utentes que recorrem ao serviço Adapto são pessoas que não têm outra opção de mobilidade. Razão pela qual decidiu lançar uma nova petição, desta feita com o número 2749.

“Não é justo que pessoas que não têm voz não sejam ajudadas”

Ana Pinto não é utente do serviço Adapto nem tem familiares que o sejam. Mas quis ajudar. Foi vítima de violência doméstica durante 11 anos e precisou de ajuda. Sobreviveu e conseguiu salvar o filho. Agora quer ajudar quem também precisa de ajuda, sobretudo quem não tem voz.

Artigo: Diana Alves | Foto: LW Arquivos


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