Porque é que há falta de médicos no Luxemburgo?
Radio Latina 3 min. 29.06.2023 Do nosso arquivo online

Porque é que há falta de médicos no Luxemburgo?

Porque é que há falta de médicos no Luxemburgo?

Radio Latina 3 min. 29.06.2023 Do nosso arquivo online

Porque é que há falta de médicos no Luxemburgo?

A Rádio Latina colocou a pergunta a três médicos portugueses que trabalham no Luxemburgo.

O problema da penúria de mão de obra não é novo e é transversal a praticamente todos os setores. E a medicina não é exceção. Apesar de algumas iniciativas governamentais, como a compensação financeira dos médicos que fazem bancos, o país continua a precisar de médicos

Perguntámos a três médicos portugueses, que trabalham no Luxemburgo, porque é que há falta de médicos

José Pereira é médico no Centro Nacional de Readaptação Funcional e de Readaptação (Rehazenter), em Kirchberg. Formou-se no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, trabalhou no Hospital São João, na mesma cidade, e emigrou para o Luxemburgo em 2009. Aos microfones da Rádio Latina, disse que emigrar para o Grão-Ducado para exercer medicina não compensa, em vários aspetos. O nível de medicina é um deles. O médico compara com Portugal, onde considera que a medicina é das melhores a nível europeu.

Outro dos médicos com quem falámos é José Batista da Costa, urologista no Hospital de Kirchberg. O cirurgião português nasceu em Portugal e emigrou com os pais para o Luxemburgo aos cinco anos de idade. Fez o seu percurso escolar no Grão-Ducado e estudou em Paris, França, tendo trabalhado em Vancouver, no Canadá, antes de regressar ao Luxemburgo, há cerca de três anos.

Questionado também sobre a dificuldade do Grão-Ducado em atrair médicos, José Batista da Costa considera que o facto de os médicos tirarem o curso – ou parte dele – fora do país faz com que muitos acabem por constituir família no estrangeiro e não queiram regressar.

Considera também que a dificuldade em encontrar casa no Luxemburgo é o principal travão à vinda de médicos para o país.

Também o médico Fernando Guedes, pneumologista no Centro Hospitalar do Norte, em Ettelbruck, defende a necessidade de criar uma escola de medicina “pujante, com tradição e vibrante” para que o Luxemburgo possa gerar os seus próprios médicos. Com mais de vinte anos de carreira em Portugal e dois no Luxemburgo, Fernando Guedes considera que o Luxemburgo tem muitas dificuldades em atrair grandes especialistas porque o país não é atrativo em termos clínicos. E uma das razões prende-se com o facto de o Grão-Ducado transferir todos os casos mais complexos para o estrangeiro. Diz que são os casos complexos que “nos dão o ‘know-how’”.

Luxemburgo perdeu 3.000 profissionais de saúde desde 2018

O Luxemburgo perdeu cerca de 3.000 profissionais de saúde nos últimos quatro anos.

Na resposta a uma questão parlamentar do deputado cristão-social Marc Spautz, os ministros do Trabalho e da Educação indicam que em novembro de 2018 o país contabilizava cerca de 19.000 profissionais de saúde. Quatro anos depois, em novembro de 2022, eram menos 3.000. Desses, 1.230 reformaram-se e 70 faleceram.

Para 1.100, “não foi encontrado qualquer registo nos dados administrativos”, pode ler-se na resposta dos ministros da Educação e do Trabalho. Já em relação aos restantes 600, estima-se que cerca de 350 tenham sido abrangidos por uma medida de reconversão profissional. No caso dos outros 250 não é claro se foram alvo de uma reconversão profissional, embora se saiba que continuam a trabalhar no setor ‘saúde humana e ação social’. 

Artigo: Manuela Pereira e Diana Alves | Foto: dpa



Notícias relacionadas