Luc Frieden, primeiro-ministro predestinado
Luc Frieden, primeiro-ministro predestinado
Luc Frieden estava predestinado a ser primeiro-ministro do Luxemburgo. Já há mais de dez anos que o antigo ministro das Finanças era apontado como o sucessor de Jean-Claude Juncker na liderança do Governo. Na altura, Frieden vivia na sombra de Juncker e aguardava pela sua retida para lhe suceder. Era ministro da Justiça, das Finanças, da Defesa e da Função Pública. O político andava sempre de gravata, o sorriso fazia-se raro e tinha a reputação de ser rígido.
A ambição de Frieden de chegar a primeiro-ministro foi por água abaixo nas eleições legislativas antecipadas de 2013. Embora o CSV tenha ganho as eleições, o maior partido do país foi ‘empurrado’ para a bancada da oposição devido à inédita coligação entre liberais (DP), socialistas (LSAP) e ecologistas (Déi Gréng).
Após mais de 20 anos no poder, o Partido Cristão Social (CSV) era relegado para a oposição já que não encontrava partido com quem formar uma coligação governamental. Nas legislativas de há dez anos, tal como nas deste ano, Frieden também foi eleito mas acabara por renunciar ao assento parlamentar conquistado, retirando ao mesmo tempo da política ativa. Muitos foram os que acusaram Frieden de abandonar o CSV num dos momentos mais difíceis da sua história.
De jurista à política, passando pela banca e comunicação social
Foi assim que Luc Frieden trocou a política pela banca, assumindo o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração do Deutsche Bank, em Londres.
Em 2016, Luc Frieden era nomeado presidente do extinto grupo Saint Paul Luxembourg (agora Mediahuis Luxembourg), acionista maioritário da Rádio Latina, editor do semanário Contacto e do Luxemburger Wort. Cargo que abandonou em 2019.
Um regresso à política ativa só poderia ser feito em grande, com Frieden a aceitar ser candidato a primeiro-ministro do CSV nas legislativas de 8 de outubro último. Assim, no início deste ano Frieden retirou-se da presidência da Eurochambres, a Federação das Câmaras de Comércio, Indústria e Serviços da Europa, mas também da presidência da Câmara de Comércio do Luxemburgo e da presidência do Conselho de Administração do Banco Internacional do Luxemburgo (BIL).
O agora primeiro-ministro foi também sócio da Elvinger Höss, uma das maiores sociedades nacionais de advogados, onde prestava assessoria em assuntos empresariais e bancários. Era ainda membro do Conselho de Administração da Bolsa de Valores do Luxemburgo.
Frieden, o regresso
O anúncio da sua candidatura como cabeça de lista nacional do Partido Cristão Social apanhou muita gente de surpresa. Dez anos depois, Luc Frieden regressava à política. A comunicação social falava de um “novo Luc”, mais descontraído, tanto na sua forma de vestir, como na sua atitude com as pessoas, mais acessível e sorridente.
Após um afastamento político de cerca de dez anos, Frieden disse que regressava por causa da “situação extremamente grave” que se vive no Luxemburgo e na Europa devido à guerra na Ucrânia e à crise dos preços.
Uma mudança que lhe foi favorável uma vez que o CSV ganhou estas eleições, não deixando hipóteses de coligação ao DP, LASP e Déi Gréng.
Luc Frieden nasceu em 1963, em Esch/Alzette. É formado em Direito pelas universidades de Paris, Cambridge e Harward, e chegou a exercer a profissão de advogado no Luxemburgo, antes de ser eleito para a Câmara dos Deputados em 1994, onde representou o CSV até 1998. Entre 1998 e 2013, foi ministro da Justiça, do Tesouro, das Finanças, da Função Pública, das Relações com o Parlamento e da Defesa, nos sucessivos governos liderados por Jean-Claude Juncker.
O novo Governo
Além de Luc Frieden, o novo Governo é composto pelos ministros cristãos-sociais (CSV) Gilles Roth (Finanças), Martine Hansen (Agricultura e Defesa do Consumidor), Léon Gloden (Interior), Elisabeth Margue (Justiça), Georges Mischo (Desporto e Trabalho), Serge Wilmes (Função Pública e o Meio Ambiente) e Martine Deprez (Saúde e Segurança Social).
Do lado do Partido Democrático (DP), integram o novo Executivo, Xavier Bettel (vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros), Claude Meisch (Educação e Habitação), Max Hahn (Integração), Eric Thill (Cultura), Stéphanie Obertin (Ensino Superior e Digitalização), Yuriko Backes (Defesa e Mobilidade) e Lex Delles (Energia e Assuntos Económicos).
Artigo: Susy Martins || Fotos: Maison du Grand-Duc
