Liceu sem telemóveis. “Comunicar a toda a hora gera stress”
Liceu sem telemóveis. “Comunicar a toda a hora gera stress”
O novo ano letivo dos mais de 650 alunos e 100 professores e funcionários do Liceu Ermesinde, em Mersch, vai ser diferente. A partir de agora, o telemóvel passa a ficar à porta da escola e não pode ser usado nem durante as aulas nem no recreio, naquela que é a primeira medida do género conhecida numa escola luxemburguesa.
Ouvida pela Rádio Latina, Tammy Muller, diretora-adjunta do Liceu Ermesinde, explicou que a ideia de proibir os telemóveis foi analisada durante vários meses. Foi criado um grupo de trabalho que envolveu os próprios alunos. E o objetivo é muito mais do que simplesmente arrumar os aparelhos numa caixa. É suscitar a debate sobre o assunto.
Um dos grandes desafios do telemóvel, segundo Tammy Muller, é o facto de permitir que comuniquemos a toda a hora. Algo que, diz, “gera stress”.
Na prática, a proibição do telemóvel no Liceu Ermesinde vai funcionar assim: os alunos dos 13 aos 15 anos terão de o deixar à entrada da escola. Os mais velhos poderão mantê-lo consigo, mas não poderão usá-lo. Embora a ideia não seja “andar a policiar os alunos”, os aparelhos serão confiscados aos alunos que violarem a nova regra.
“Pais agradeceram-nos”
Questionada sobre a reação dos alunos à medida, Tammy Muller diz que, de uma forma geral, “os mais velhos compreendem”. Já os mais jovens tiveram mais dificuldade em aceitar. “Mas eles próprios apercebem-se de que os seus argumentos não fazem sentido”, conta.
Do lado dos pais, “não houve uma única reação negativa”. “Os pais agradeceram-nos. Sentem-se apoiados”, conta.
Tammy Muller chama a atenção para a dependência que o telemóvel cria e diz que “seria uma irresponsabilidade não fazer nada”.
A decisão do liceu também abrange professores e funcionários que trabalham na escola porque os “adultos têm de ser um modelo”, vinca. E a escola assegura que isto não é um regresso aos anos 1950. Os alunos poderão continuar a fazer pesquisa para os trabalhos usando os computadores do liceu e, se precisarem de fazer ou receber uma chamada, terão à sua disposição os telefones fixos da escola. Serão eles “a procurar a máquina e não a máquina a dar-lhes todas as possibilidades a toda a hora”, vinca.
“A aprendizagem é coletiva e seria uma pena escondermo-nos atrás de uma máquina”, conclui.
Artigo: Diana Alves | Foto: Shutterstock
