Kirchberg. Comida podre, casas de banho avariadas e crianças doentes no ‘Bâtiment T’
Radio Latina 2 min. 24.02.2023 Do nosso arquivo online
Refugiados

Kirchberg. Comida podre, casas de banho avariadas e crianças doentes no ‘Bâtiment T’

Refugiados

Kirchberg. Comida podre, casas de banho avariadas e crianças doentes no ‘Bâtiment T’

Radio Latina 2 min. 24.02.2023 Do nosso arquivo online
Refugiados

Kirchberg. Comida podre, casas de banho avariadas e crianças doentes no ‘Bâtiment T’

Associação LUkraine denuncia as “condições horríveis” em que vivem os refugiados alojados no ‘Bâtiment T’, em Kirchberg. “Como é possível viver assim?”. A Rádio Latina pediu entretanto mais esclarecimentos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

(Atualizada às 13h46)

Casas de banho avariadas, comida podre e crianças doentes devido à alimentação. Depois de várias tentativas para resolver a situação de outra forma, a associação de ucranianos no Luxemburgo LUkraine diz-se obrigada a denunciar publicamente a situação no chamado ‘Bâtiment T’, em Kirchberg. O edifício, gerido pela Caritas e pela Cruz Vermelha, alberga cerca de mil refugiados, 700 dos quais ucranianos.

Em entrevista à Rádio Latina, a vice-presidente da organização, Inna Yaremenko, diz que há chuveiros que não funcionam, casas de banho avariadas e até comida podre. Por vezes, as pessoas “comem apenas duas vezes por dia”, conta. Segundo a LUkraine já houve crianças doentes por não se alimentarem bem.

A responsável conta que a LUkraine, que está em contacto com muitos dos refugiados ucranianos, tem recebido muitas queixas por parte das pessoas que ali moram há um ano. Conta que o edifício parece uma prisão. “Não podem receber visitas ou ter espelhos no quarto”, sublinha.

Embora saúde e se sinta grata pelo apoio do Luxemburgo no âmbito do conflito na Ucrânia, Inna Yaremenko considera que as condições em que vivem os refugiados do ‘Bâtiment T’ são “catastróficas”, sobretudo tendo em conta que há pessoas a viver ali há um ano. “Como é possível viver assim?”, questiona.

Para a vice-presidente da LUkraine, o problema está na forma como o sistema de acolhimento de refugiados funciona no Luxemburgo. Lamenta que, no caso do ‘Bâtiment T’, a maior parte do dinheiro vá para segurança e pessoal, e não para necessidades básicas do dia a dia.

A LUkraine pede ao Governo luxemburguês que encontre uma nova estratégia para o acolhimento de refugiados. “Estas pessoas são profissionais, normais, educadas […] podem trazer algo ao país, podem trabalhar. Mas precisam do mínimo. De condições de vida normais”, alerta.

Sobre o ‘Bâtiment T’, Inna Yaremenko diz que a Cruz Vermelha propôs uma reunião dentro de alguns dias para discutir a situação, mas a vice-presidente da LUkraine mostra-se pouco otimista. “Não sei se isso vai mudar alguma coisa porque isto é um problema do sistema. Vamos ver”, remata.

Esclarecimentos do ministério

Questionado pela Rádio Latina sobre o assunto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou o ‘Bâtiment T’ está limpo, há apenas um chuveiro avariado e, neste momento, todas as casas de banho estão a funcionar. Ascrescenta também que as pessoas que vivem no andar onde há um chuveiro avariado “podem utilizar os chuveiros do piso superior”.

O ministério indica igualmente que as casas de banho são limpas várias vezes por dia por uma empresa profissional, que nenhuma está fora de serviço e que, em caso de avaria, o problema é resolvido o mais rapidamente possível.

Entretanto a Rádio Latina questionou também o ministério sobre a a alegada existência de comida podre e crianças que terão adoecido por não se alimentarem bem. Aguardamos resposta.

Artigo: Diana Alves | Foto: Anouk Antony/Luxemburger Wort