“Escolas e hospitais continuam a ser bombardeados na Ucrânia”
“Escolas e hospitais continuam a ser bombardeados na Ucrânia”
Horas e horas sem ver a luz do dia. Nos dois últimos anos, houve crianças ucranianas a passar entre quatro (2.800 horas) e seis meses e meio (4.800 horas) em abrigos antibombas.
Anne-Marie Akiki trabalha para a Unicef Luxemburgo e vive desde outubro de 2022 em Kiev. Foi desde a capital ucraniana que falou por telefone à Rádio Latina. Logo no início da entrevista ouve-se as sirenes a ecoar, sinónimo de aviso de um possível bombardeamento. Nós ficamos à escuta enquanto Anne-Marie combina com os colegas em inglês. Finalmente, retoma o telefonema e explica-nos que o mais provável agora é descer para uma cave para se proteger das bombas.
Esta responsável da Unicef descreve como “particularmente horríveis” os últimos meses na Ucrânia devido a uma nova escalada de ataques contra habitações, escolas e hospitais.
Mesmo quando não há bombardeamentos aéreos, as crianças estão constantemente em risco de morte, já que um terço do território ucraniano está contaminado por explosivos de guerra.
A Unicef tenta manter uma certa normalidade na vida das crianças. E essa normalidade passa pela escola. No entanto, cerca de 40% das crianças ucranianas não podem frequentar as aulas presencialmente, ou porque a escola está destruída ou porque é demasiado perigoso.
Para muitas crianças, o ensino faz-se à distância, o que para além de atrasar a sua aprendizagem, também os coloca em isolamento, o que tem como consequência inúmeros distúrbios mentais.
Anne-Marie Akiki gere as equipas da Unicef destacadas em toda a Ucrânia, sendo responsável pela área da escolarização das crianças. Se uma escola for bombardeada é ela quem gere tanto o orçamento para a sua reconstrução, como os recursos humanos e o material didático necessários.
A Unicef Luxemburgo está a acompanhar estas crianças e jovens, vítimas da guerra na Ucrânia que a Rússia ataca desde 24 de fevereiro de 2022. Presta, entre outros, auxílios logístico e psicológico.
Dos mais de dez mil civis mortos na Ucrânia, cerca de 500 eram crianças.
Artigo: Susy Martins | Foto: AFP
![](/static/1721121505995/images/loader-medium.gif)