Empresa luxemburguesa acusada de apoiar grupo russo Wagner na guerra contra a Ucrânia
Empresa luxemburguesa acusada de apoiar grupo russo Wagner na guerra contra a Ucrânia
A Spacety Luxembourg é uma sucursal da chinesa Spacety China. Ambas aparecem na lista de empresas alvo de sanções por parte dos Estados Unidos da América (EUA) por alegadamente apoiar o grupo paramilitar russo Wagner na guerra na Ucrânia.
A lista foi divulgada esta quinta-feira pelos departamentos de Estado e de Tesouro dos Estados Unidos. O teor específico das sanções não é conhecido. Sabe-se, no entanto, que a Spacety China é acusada de fornecer imagens de satélite da Ucrânia para ajudar o grupo paramilitar russo.
A Rádio Latina questionou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) sobre a inclusão da Spacety Luxembourg, empresa especializada em pequenos satélites e serviços de satélites, na lista de sanções norte-americana. Na resposta, enviada por e-mail na manhã desta sexta-feira, não é só o MNE que reage, mas é uma posição partilhada com outros dois ministérios: o da Economia e o das Finanças.
Os três ministérios [dos Negócios Estrangeiros, da Economia e das Finanças] explicam à Rádio Latina que o Luxemburgo já estava em contacto com os EUA antes da decisão sobre as sanções. Referem ainda que "o Luxemburgo leva muito a sério" a recente a inclusão do grupo Wagner na lista norte-americana de organizações criminosas transnacionais e também a acusação sobre a empresa chinesa Spacety China.
No entanto, os três ministérios salientam que estão a aguardar informações concretas das autoridades dos EUA sobre o possível envolvimento da Spacety Luxembourg. Revelam também que foi lançada uma consulta interministerial para prever possíveis medidas a nível nacional contra a empresa Spacety Luxembourg.
Sanções poderão envolver congelamento de bens nos EUA
O Governo luxemburguês explica que "atribui a maior importância a uma implementação eficaz e sólida das sanções internacionais, tanto económicas como financeiras, contra pessoas e entidades, com base no facto de estas comprometerem ou ameaçarem a integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia".
Ao certo, o comunicado do Departamento de Tesouro dos EUA não refere sanções específicas contra a empresa luxemburguesa, mas diz que, no geral, "envolvem um congelamento de bens nos EUA, e uma proibição aos operadores norte-americanos de ter relações com os indivíduos e entidades listados". Ou seja, não constam atualmente das listas de sanções da União Europeia e não se aplicam diretamente no bloco comunitário.
Por outro lado, os três ministérios lembram que "a União Europeia e os Estados Unidos estão a cooperar estreitamente no esforço de privar a Rússia dos recursos para a sua guerra de agressão, inclusive através de sanções nos Estados Unidos e na União Europeia, respetivamente".
Nesse sentido, refere-se na resposta à Rádio Latina, "o Luxemburgo está ativamente empenhado em assegurar uma implementação sólida a nível nacional dos nove pacotes de sanções que a União Europeia tem adotado desde o início da crise" e que vai "continuar a contribuir ativamente para a elaboração de novas sanções da UE".
Luxemburgo insta a China a não apoiar a agressão russa
Quanto aos contactos bilaterais com a China, as autoridades luxemburguesas explicam que "apelam regularmente às autoridades chinesas para que exerçam pressão sobre a liderança russa, no sentido de pôr termo à sua agressão contra a Ucrânia".
Os responsáveis concluem a sua reação enviada à Radio Latina com os últimos desenvolvimentos, sublinhando que "o Luxemburgo insta as autoridades chinesas a garantir que as empresas chinesas não contribuam para o esforço de agressão russa. Tal apoio, direto ou indireto, seria inaceitável e contrário ao direito internacional existente e aos princípios da Carta das Nações Unidas".
Artigo: Henrique de Burgo | Foto: AFP
