Emigraram e agora vivem em caves e sótãos. O alerta da Femmes en Détresse
Radio Latina 2 min. 12.09.2023 Do nosso arquivo online
Luxemburgo

Emigraram e agora vivem em caves e sótãos. O alerta da Femmes en Détresse

Luxemburgo

Emigraram e agora vivem em caves e sótãos. O alerta da Femmes en Détresse

Radio Latina 2 min. 12.09.2023 Do nosso arquivo online
Luxemburgo

Emigraram e agora vivem em caves e sótãos. O alerta da Femmes en Détresse

Mães solteiras ou até avós e netos. Muitas delas portuguesas. Vêm para o Luxemburgo em busca de uma vida melhor, mas o sonho acaba num pesadelo. Este é o alerta da associação Femmes en Détresse.

O serviço da Femmes en Détresse que presta apoio a mulheres e famílias monoparentais falou à Rádio Latina sobre os muitos casos precários de pessoas que arriscam uma vinda para o Luxemburgo sem a devida preparação. Vêm porque no país de origem vivem com dificuldades, porque ouviram falar nos “grandes salários luxemburgueses” ou porque alguém lhes prometeu trabalho e uma vida melhor, mas acabam por cair numa situação ainda pior.

Andréa Duraes, assistente social da Femmes en Détresse, relata exemplos de famílias monoparentais que procuram a associação por se encontrarem em situações desesperantes no Luxemburgo. Algumas vivem em estúdios demasiado pequenos ou com problemas de humidade, em caves ou até num sótão sem acesso seguro, cozinha ou mesmo casa de banho.

Os casos que chegam à Femmes en Détresse são sobretudo de mulheres que estão há relativamente pouco tempo no país. Andréa Duraes atende muitos lusófonos, essencialmente portugueses e cabo-verdianos. "Tenho a impressão de que desde que comecei aqui, há cinco anos, o número de portugueses aumentou. Mas não sei se é porque descobriram que eu falo português ou se é por acaso", diz. A organização é por vezes contactada por pessoas que vêm enganadas, mas é sobretudo procurada por pessoas em busca de uma vida melhor e à espera de “grandes salários”.

Preparação é crucial

Para a assistente social lusodescendente, é crucial haver toda uma preparação antes de se iniciar um processo de emigração. “Não vir à toa só porque ouviu dizer que aqui é melhor”, adverte.

E preparar significa ter a certeza de que terá trabalho e casa, e não apenas um lugar onde ficar durante alguns meses. Andréa Duraes alerta que são precisos, em média, entre três a cinco anos até se conseguir ter uma vida estável no país. Outra dica é fazer uma visita prévia ao Luxemburgo.

Andréa Duraes compreende estas famílias. “Estamos todos à procura de uma vida melhor”, diz, insistindo que é necessário preparar muito bem uma mudança para o Luxemburgo.  

Serviço da Femmes en Détresse tem listas de espera, pela primeira vez

O serviço de apoio a famílias monoparentais da Femmes en Détresse ajuda estas pessoas a encontrar casa, trabalho, lugar numa creche ou a tratar de questões administrativas. Nos últimos tempos, o serviço não tem tido mãos a medir e, pela primeira vez, viu-se obrigado a criar listas de espera.

Andréa Duraes lembra que há várias associações ativas no terreno, muitas das quais prestam assistência na área da habitação. O problema, explica, é que há inúmeros pedidos e as associações não conseguem dar-lhes vazão. E, aí, no que toca a habitação, o tempo de espera é de vários anos.

A assistente social lusodescendente alerta para o aumento do custo de vida e para o facto de muitas pessoas, mesmo com ordenados ligeiramente superiores ao salário mínimo, viverem com dificuldades.

O serviço da Femmes en Détresse que presta apoio a famílias monoparentais, o ‘Centre pour Femmes, Familles et Familles Monoparentales (CFFM), pode ser contactado através do e-mail cffm@fed.lu ou do número de telefone 49 00 51-1.

Artigo: Diana Alves | Foto: Pixabay