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Violência nos autocarros

Governo tem sete milhões de euros para cabines de proteção de motoristas

Estes equipamentos têm o objetivo de proteger os motoristas de ataques. Um quarto dos autocarros regionais RGTR já tem um dispositivo deste tipo.

A medida vai abranger os autocarros regionais
A medida vai abranger os autocarros regionais © Créditos: Guy Jallay/Luxemburger Wort

Cabines de autocarros para proteger os condutores de autocarros de ataques. Em agosto passado, o ministro François Bausch (déi gréng) tinha anunciado a implementação desta medida para o ano de 2023.

A 13 de janeiro, durante um comissão sobre segurança nos transportes públicos, o Ministério da Mobilidade anunciou que 236 dos 1.045 autocarros da rede RGTR já estão equipados com uma cabine, o que representa quase um quarto dos veículos em circulação.

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Quando é que os três quartos restantes da rede RGTR estarão equipados com estes compartimentos? "A rapidez com que o resto da frota será equipada depende das encomendas e entregas feitas pelas empresas de transporte", responde o departamento de comunicação do ministério ao Virgule.

O LCGB, que tinha defendido a instalação destas divisórias, disse estar "satisfeito" com o facto de a sua exigência ter sido concretizada. "Mas após a instalação de câmaras de videovigilância e botões de emergência, é triste chegar a este ponto. O Luxemburgo tem o mesmo problema de agressão e vandalismo que as grandes capitais europeias, como Paris e Berlim", lamentou Paul Glouchitski, secretário sindical do LCGB responsável pelos transportes. "A insegurança não está apenas presente nos transportes, mas também nos hospitais e na sociedade. Este fenómeno tem aumentado desde a pandemia."

237 agressões registadas em 2022

Em 2022, 237 agressões a trabalhadores dos transportes (autocarro, comboio, elétrico) foram registados pelo Ministério da Mobilidade. São mais 55 do que em 2021. Mas este aumento deve ser encarado com cautela, de acordo com o gabinete de François Bausch, que cita vários fatores a ter em consideração.

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Entre eles, a simplificação da comunicação de incidentes através da digitalização do formulário "CIS" (acrónimo francês para relatório de incidentes de segurança) no verão de 2022 na CFL. Esta ferramenta permite "a elaboração de estatísticas nacionais detalhadas em tempo quase real, e a deteção precisa de pontos críticos (estações, paragens ou linhas) para permitir a tomada de medidas específicas em colaboração com a polícia". A digitalização dos relatórios de incidentes será também alargada ao resto da rede (RGTR, AVL, TICE e Luxtram) "antes do verão de 2023".

É verdade que o número de incidentes está a aumentar, mas isto também deve ser visto no contexto do aumento do número de passageiros em comparação com os anos 2020 e 2021, de acordo com o Ministério da Mobilidade. Tal como Paul Glouchitski, este acredita que a propensão para a violência aumentou como resultado da pandemia.

Quanto custarão as cabines?

O governo não revelou o valor preciso da instalação de cabines dos autocarros: "Depende, por exemplo, se a cabine está integrada na construção do autocarro, e também do vidro utilizado. Cabe aos operadores de autocarros calcular o custo adicional que terá de ser integrado no custo de exploração. Os pormenores ainda não foram finalizados. O Estado reservou sete milhões de euros no orçamento de 2023 para financiar a implementação deste dispositivo."

Em abril de 2022, numa resposta parlamentar ao deputado Fernand Kartheiser (ADR), François Bausch estimou que a medida poderia custar, "dependendo do modelo e do nível de segurança, entre 1.000 e 17.000 euros por cabine para um autocarro novo, ou ainda mais no caso de reequipamento".

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Para além das cabines de autocarros, já tinha sido adotada outra medida em dezembro para combater os ataques aos motoristas de autocarros. O Ministro da Segurança Interna anunciou que as patrulhas policiais seriam reforçadas nas rotas mais sensíveis. "A formação para a polícia demora dois anos, por isso levará tempo", adverte Paul Glouchitski, representante da LCGB.

Que linhas terão este sistema? "Em colaboração com a polícia grã-ducal, os controlos serão organizados quando chegar a altura. Isto também se aplicará naturalmente à rede RGTR e dependerá dos incidentes relatados", disse o Ministério da Mobilidade, acrescentando que cerca de 130 autocarros da rede RGTR estão equipados com câmaras de videovigilância.

(Artigo originalmente publicado no Virgule e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)

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