Motorista português: “Proposta de 12 dias consecutivos de trabalho é inaceitável”
Radio Latina 20.02.2023 Do nosso arquivo online
Autocarros

Motorista português: “Proposta de 12 dias consecutivos de trabalho é inaceitável”

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Motorista português: “Proposta de 12 dias consecutivos de trabalho é inaceitável”

Radio Latina 20.02.2023 Do nosso arquivo online
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Motorista português: “Proposta de 12 dias consecutivos de trabalho é inaceitável”

Um condutor português falou à Rádio Latina sobre a proposta de Bruxelas. Comentou ainda o acesso a casas de banho e as agressões que visam os motoristas.

É “inexplicável e inaceitável” a proposta da Comissão Europeia sobre os 12 dias consecutivos de trabalho para os condutores de autocarro. Quem o diz é, João (nome fictício), motorista no Luxemburgo.


'Semana de trabalho' de 12 dias para os motoristas de autocarro?
Reação do secretário-geral da Federação Luxemburguesa das Empresas de Autocarros.

Em entrevista à Rádio Latina, o português de 34 anos disse que trabalhar tantos dias seguidos constitui “um risco muito elevado”, tanto para o motorista como para os passageiros. “Todos sabemos que o cansaço e o sono são um risco muito grande para qualquer pessoa que conduz”, frisa lembrando que um condutor de autocarro que seja considerado culpado por um acidente grave pode ser condenado a uma pena de prisão.

João considera também que “cansaço extremo, risco de esgotamento e falta de motivação” poderão ser outros dos problemas associados a um modelo em que se trabalha vários dias consecutivos, sem descanso.

Equilíbrio entre vida profissional e privada

O motorista português trabalha no ramo há dez anos. Conta que, por norma, trabalha apenas cinco dias seguidos. Por vezes seis. Mesmo assim, questionado sobre qual a sua principal reivindicação para a profissão, destaca o equilíbrio entre vida profissional e privada.

A proposta de Bruxelas já levantou críticas por parte da LCGB, por exemplo, que teme que a medida tenha um impacto muito negativo no setor. Segundo uma sondagem europeia, entre 1.300 motoristas, 1.000 estão dispostos a deixar a profissão se a proposta de Bruxelas for para a frente.

Acesso a casas de banho e agressões

O tempo de descanso dos condutores é uma de várias questões que existem no setor. Outra prende-se com as agressões de que alguns são alvo durante o trabalho. Questionado sobre se alguma vez foi agredido, João diz que já foi insultado e que tem conhecimento de colegas agredidos.

Quanto aos problemas no acesso a casas de banho, denunciados há alguns anos por sindicatos e trabalhadores, o motorista de 34 anos considera que a situação tem melhorado. Mesmo assim, “em muitos locais ainda não há acessos a casas de banho”, adianta.

Artigo: Diana Alves | Foto: Gerry Huberty


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