“Das ruas de Lisboa para o Luxemburgo”
Radio Latina 8 7 min. 22.04.2024

“Das ruas de Lisboa para o Luxemburgo”

“Das ruas de Lisboa para o Luxemburgo”

Radio Latina 8 7 min. 22.04.2024

“Das ruas de Lisboa para o Luxemburgo”

Neste artigo destacamos algumas das conferências, debates e ateliês organizados no âmbito desta mostra sobre a Revolução dos Cravos.

“A queda do Estado Novo em Portugal vista de uma perspetiva luxemburguesa”. É este o ponto de partida para uma grande exposição sobre a Revolução dos Cravos, que vai estar aberta ao público no Nationalmusée um Fëschmaart (Museu Nacional de História e de Arte, situado na rua Marché-aux-Poissons) entre os dias 25 de abril deste ano e 5 de janeiro de 2025. É uma parceria entre o museu, a Embaixada de Portugal no Luxemburgo e o Centro Cultural Português – Camões.

A mostra será inaugurada na próxima quinta-feira, dia 25 de abril, às 18h. Além dos discursos de abertura, haverá gastronomia lusa, a cargo do Centro de Apoio e Associativo (C.A.S.A.), e uma atuação musical da cantora Magaly Teixeira, acompanhada de um coro tradicional e de Pedro Quintas, na guitarra portuguesa.

A exposição é composta por uma série de conferências, ateliês, debates e visitas guiadas, dentro e fora das paredes do museu. E nós destacamos aqui algumas das iniciativas.

Alfredo Cunha, fotógrafo. 50 anos de carreira

Entre 19 de julho deste ano e 5 de janeiro de 2025, o Nationalmusée vai exibir a exposição de Alfredo Cunha, atualmente patente ao público no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, em Portugal. É uma exposição que celebra os “50 anos de carreira do fotojornalista mais ilustre da Revolução dos Cravos”, indica o Nationalmusée. Em exibição estará uma série de fotografias captadas nos últimos 50 anos e que retratam seis temas: 25 de Abril e a descolonização, Mundo, Portugal, Conflito, Religião e retratos, pode ler-se no site do Museu do Neo-Realismo.

Como é que os emigrantes portugueses viveram a revolução?

Uma das conferências tem como título “Un peuple uni à l’intérieur et à l’extérieur du pays ? » (Um povo unido dentro e fora do país ?) e vai olhar para a forma como os portugueses no estrangeiro viveram a revolução à distância, numa altura em que cerca de dois milhões de portugueses não residiam no país. Esta conferência será dada pelo historiador Victor Pereira (Université de Pau) no dia 06 de junho, pelas 18h. Ele é o autor do livro “C’est le peuple qui comande. La Révolution des Oeillets 1974-1975”) (“É o povo quem comanda. A Revolução dos Cravos 1974-1976”). Entrada livre.

Da literatura à música. Um olhar sobre a criação cultural após a revolução

Destacamos também a conferência com a crítica cultural Vera Herold, no dia 19 de setembro, pelas 18h, em inglês. “Who Remembers What? Polyphonic memories of the Carnation Revolution” (Quem se lembra do quê? Memórias polifónicas da Revolução dos Cravos). Nesta sessão, Vera Herold traça um olhar sobre a “explosão da produção cultural em Portugal” que se seguiu à revolução. Literatura, música, artes visuais que “refletem quer o espírito utópico quer a violência da ditadura e da guerra colonial”

Num comunicado sobre a exposição, o museu frisa que atualmente vivem no Luxemburgo “mais de 100 mil pessoas cujas vidas foram marcadas por estes acontecimentos”. Em causa estão pessoas de “várias nacionalidades e origens, oriundas de Portugal ou das antigas colónias portuguesas”, que “imigraram para o Grão-Ducado nas décadas de 1960 e 1970, quando Portugal ainda estava sob o regime autoritário e iniciava, após o 25 de abril de 1974, um processo democrático”. Entrada livre.

“A imigração política portuguesa no Luxemburgo antes do 25 de Abril de 1974"

No dia 21 de novembro, pelas 18h, o museu acolhe uma conferência em francês com o antigo ativista político António Paiva, para discutir “a imigração política portuguesa no Luxemburgo antes do 25 de abril de 1974”. António Paiva foi para Paris em setembro de 1970, antes de chegar ao Luxemburgo no final de 1971. Foi um dos “cerca de 50.000 jovens que viraram as costas ao serviço militar”.

“Coragem hoje, abraços amanhã”

“Coragem hoje, abraços amanhã” é uma conferência com Rita Rato, diretora do Museu do Aljube, em Lisboa, marcada para o dia 28 de novembro, pelas 18h, e que vai decorrer em francês e português. Nesta sessão, estará em debate a “responsabilidade democrática da preservação, construção e partilha de memória nos 50 anos do 25 de Abril de 1974”. Entrada gratuita.

Como é que os 20.000 portugueses que viviam no Luxemburgo em 1974 viveram a revolução?

« La politique d’attention et de lien du Portugal envers ses émigrés  (1974-1976) » está marcada para o dia 12 de dezembro, pelas 18h, em língua francesa. Nesta conferência, o historiador Thierry Hinger abordará a forma como os cerca de 20.000 portugueses que viviam no Luxemburgo em 1974 viveram a revolução. Entrada gratuita.

Mesa-redonda sobre as consequências da revolução em Portugal e no Luxemburgo

Manuel Malheiros, José Rebelo e Serge Kollwelter marcarão presença numa mesa-redonda sobre as consequências da Revolução dos Cravos em Portugal e no Luxemburgo. O debate tem lugar a 26 de setembro no Casino Sindical de Bonnevoie. Entrada livre.

O significado do cravo

Símbolo da revolução portuguesa, o cravo vai estar no centro de uma série de visitas guiadas (em francês e em inglês) ao Nationalmusée, a cargo da artista visual Liliana Francisco entre junho e dezembro. “The symbolism of the carnation flower” (O simbolismo do cavo) aborda o simbolismo da flor enquanto representação de paz e resistência não-violenta. As datas e horários das visitas podem ser consultadas no site do museu. No dia 22 de junho, Liliana Francisco promove também um ateliê artístico, em que os participantes serão convidados a criar uma colagem de cravos “para expressarem a sua visão de liberdade de expressão”.

Desenhando a liberdade. Azulejo, uma expressão de liberdade pessoal

Outra das iniciativas previstas diz respeito a um ateliê de azulejaria com o artista visual Steven Cruz, com vários workshops de duas sessões cada a terem lugar entre setembro e dezembro. O objetivo do ateliê é que os participantes “mergulhem na arte de criar o tradicional azulejo português”, selecionando os materiais, aprendendo as diferentes técnicas de produção e decorando um azulejo, pode ler-se no comunicado do museu. É um workshop prático, em que o participante será guiado em cada passo do processo. Fica ainda a promessa de que o ateliê é mais do que instrutivo, é também uma “jornada de introspeção sobre a interpretação pessoal de liberdade”. O ateliê destina-se a maiores de 16 anos. Custa 16 euros.

Fim de semana de portas abertas. “A sua revolução, a nossa história”

Nos dias 8 e 9 de junho, vésperas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o Nationalmusée vai estar aberto durante todo o fim de semana, no âmbito da exposição “A revolução de 1974. Das ruas de Lisboa para o Luxemburgo”. No sábado, dia 8, serão propostas várias visitas temáticas sobre a exposição. Já o domingo será dia de música, espetáculos e especialidades gastronómicas para celebrar este capítulo decisivo da história europeia, anuncia o museu. A Rádio Latina estará a emitir em direto a partir do átrio do museu no dia 9.

Concerto. Filhos da revolução na Philharmonie

No dia 12 de outubro, a Philharmonie acolhe o concerto de fado e jazz “Filhos da Revolução”, com Júlio Resende (piano), Bruno Chaveiro (guitarra portuguesa), André Rosinha (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).

“Rostos da democracia”

A Biblioteca Nacional do Luxemburgo recebe no dia 17 de outubro, pelas 19h, Anabela Mota Ribeiro, jornalista, criadora de conteúdos culturais e autora e apresentadora do célebre programa televisivo “Os filhos da madrugada” (2021, 2022, 2024, RTP3). Uma emissão que centraliza uma centena de testemunhos dos últimos 50 anos de democracia. Esse será o tema da primeira parte de uma conferência com Anabela Mota Ribeiro. A segunda parte consistirá numa conversa, em português, com o fotojornalista da revolução Alfredo Cunha. 

Artigo: Diana Alves | Fotos: Nationalmusée 


Notícias relacionadas

Foto: Lusa