Endometriose. Governo quer estratégia nacional para acompanhar doentes
Radio Latina 3 min. 09.08.2024

Endometriose. Governo quer estratégia nacional para acompanhar doentes

Endometriose. Governo quer estratégia nacional para acompanhar doentes

Foto: Freepick
Radio Latina 3 min. 09.08.2024

Endometriose. Governo quer estratégia nacional para acompanhar doentes

O diagnóstico é difícil, as estatísticas são escassas e a cura não existe. Ainda é pouco aquilo que se sabe sobre a endometriose, uma doença do foro ginecológico que, todos os anos, leva à hospitalização de cerca de 200 mulheres no Luxemburgo.

O Governo quer desenvolver uma estratégia coordenada a nível nacional para acompanhar as mulheres com endometriose, uma doença do foro ginecológico que pode ser incapacitante.

Em declarações prestadas à Rádio Latina, o Ministério da Saúde refere que o programa do Executivo para a presente legislatura não prevê a criação de um centro nacional para a doença, mas revela que a Direção da Saúde está em conversações com os hospitais “para estudar a implementação de um acompanhamento coordenado a nível nacional para as pacientes”.

A Rádio Latina pediu informações ao ministério no seguimento de uma petição pública que está a alertar para o facto de a endometriose ser uma doença incapacitante, para a qual não há cura, pedindo que haja uma maior flexibilidade no trabalho para quem sofre da patologia.

Questionada sobre as estruturas existentes para apoiar as doentes, a tutela adianta que existem no país 94 ginecologistas-obstetras “com atividade significativa” e garante “seguir de perto os avanços científicos e os desenvolvimentos no estrangeiro feitos nesta área para adaptar os cuidados de saúde a serem tidos em conta, se necessário”.

Sobre a petição pública, lançada por Joyce dos Santos, que pede também que a endometriose seja considerada uma doença crónica, o ministério diz apenas estar atento à iniciativa e assegura que participará em eventuais debates que dela resultem.

A petição pede que todas as mulheres com a doença possam continuar a trabalhar sem risco de perder o emprego, numa referência ao facto de a doença ser por vezes incapacitante, provocando “dores insuportáveis”. Pede também que a patologia seja “levada a sério”. Neste momento, a iniciativa totaliza mais de 2.300 assinaturas.

Cerca de 200 mulheres hospitalizadas todos os anos

Segundo os dados avançados pelo Ministério liderado por Martine Deprez, continua a ser pouco aquilo que se sobre a endometriose. A única estatística concreta que obtivemos é que a patologia levou à hospitalização de 227 mulheres em 2022. No ano anterior, tinham sido 258. Nos anos anteriores, os números também rondaram a marca dos 200 internamentos. Porém, o número de mulheres afetadas será muito superior. “É difícil determinar a prevalência exata da patologia na população global porque algumas mulheres não têm sintomas”, assume o ministério com a pasta da saúde.

A instituição refere também que o seguimento da doença não implica, obrigatoriamente, uma hospitalização, razão pela qual o número de internamentos "responde apenas de forma parcial à pergunta sobre o número de doentes com endometriose no país". Em todo o mundo, estima-se, no entanto, que 10% das mulheres em idade fértil tenham endometriose.

Tabus em torno da menstruação dificultam diagnóstico

Um dos grandes problemas da doença é o diagnóstico difícil. “Vários fatores contribuem para o desafio que constitui o diagnóstico da endometriose. Por exemplo, a diversidade e o carácter não específico dos sintomas, que variam de pessoa para pessoa, incluindo em termos de dor, ausência de um biomarcador de diagnóstico e a falta de conhecimentos e de sensibilização sobre o assunto”, assume a tutela, reconhecendo que “os tabus em torno da menstruação e o medo do estigma podem também acrescentar obstáculos ao diagnóstico da doença”.

Como refere o ministério, não existe ainda um tratamento específico para tratar definitivamente a endometriose. “Existem, no entanto, tratamentos médicos, como a toma de antálgicos, terapias hormonais, assim como opções cirúrgicas. Estes tratamentos têm como objetivo reduzir a dor ou melhorar a fertilidade. Os tratamentos em caso de endometriose são adaptados em função de cada paciente”, explica.

Questionado sobre se a complexidade em torno da doença se deve à falta de estudos e investigações, o ministério de Martine Deprez refere apenas que há “um número crescente de estudos e de dados sobre a endometriose”, ilustrando com o caso de França, que possui um programa nacional de desenvolvimento dos conhecimentos sobre a doença, instaurado em 2022. 

Artigo: Diana Alves | Foto: Freepick