Construção. “Empresas sofrem, mas trabalhadores sofrem ainda mais”
Construção. “Empresas sofrem, mas trabalhadores sofrem ainda mais”
Dois anos depois, as negociações para renovar o contrato coletivo de trabalho do setor da construção continuam paradas. Após vários apelos, os dois maiores sindicatos vieram a público denunciar o impasse nas negociações.
Em entrevista à Rádio Latina, após uma conferência dada em conjunto com a OGBL, Robert Fornieri, da LCGB, disse que as centrais sindicais reconhecem que a situação atual é difícil para algumas empresas, face aos preços dos materiais e às taxas de juro, mas frisou que o impacto da crise é heterogéneo, isto é, não está a afetar todas as empresas da mesma forma. E o sindicalista é muito claro: se as empresas sofrem, os trabalhadores sofrem ainda mais, com muitos a sentirem dificuldades financeiras.
Há mais de dois anos que os sindicatos insistem na necessidade de renovar a convenção coletiva, que expirou em dezembro de 2021. Queixam-se da posição do patronato que se recusa a negociar.
Perante a situação atual, e após os sucessivos alertas das entidades patronais que temem uma crise sem precedentes no setor após as férias coletivas, as centrais sindicais decidiram restringir as suas reivindicações. Em vez de aumentos salariais diretos, propõem agora as chamadas ‘melhorias tarifárias’, como por exemplo o bónus de fim de ano e a aceleração da progressão das carreiras.
Apesar de terem baixado a fasquia em matéria de reivindicações, nada. “Há uma obstinação do outro lado da mesa”, lamenta Robert Fornieri.
O sindicalista da LCGB avisa: se já há falta de pessoal no setor, sem uma convenção que valorize os trabalhadores, a situação só vai piorar.
Os sindicatos esperam que algo aconteça nos próximos tempos. Se isso não acontecer, avançarão com ações sindicais. Uma delas poderá ser o recurso ao Gabinete Nacional de Conciliação.
Artigo: Diana Alves | Foto: Getty Images
